domingo, 7 de junho de 2015

Gosto de gente



Gosto de gente que carrega mais sonhos do que dores. Gosto de gente que não tem medo de amar e não tem vergonha de dizer o que sente. Gosto de gente que se permite demonstrar os tesouros que carrega no coração, mas gente que valoriza e cuida do que sente. 
Gosto de gente que sorri em qualquer hora, em qualquer lugar e que não prende o riso por medo do que vão pensar. Gosto de gente que se apaixona por pessoas, por lugares, por manias, por objetivos. Gosto de gente que, nem sempre sabe pra onde, mas que continua caminhando com a pose de um guerreiro. 
Gosto de gente que chora quando o coração aperta e que tem a capacidade de chorar pela dor dos outros. Gosto de gente que entende que as palavras curam, mas também matam. Gosto de gente que fala o que pensa, mas que tem o respeito maior que o orgulho. 
Gosto de gente que escuta com o coração e que fala ao coração. Gosto de gente que tira a própria máscara e se deixa ser descoberto. Gosto de gente que erra, mas que pede desculpas. Gosto de gente que busca ser melhor na sua própria forma de ser. 
Gosto de gente que escolhe ser feliz todos os dias e que não deixa circunstancia nenhuma tirar o brilho dos seus olhos e o sorriso dos seus lábios. Gosto de gente que dá bom dia com sinceridade. Gosto de gente que, mesmo contra a multidão, não deixa de ser fiel ao que acredita. Gosto de gente que entende a fragilidade e a força de ser real e que busca viver cada minuto com o coração cheio de gratidão, amor e fé.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A luz que nós fomos


Você me pergunta por que nós não somos maiores do que isso. Eu preciso que você me entenda, mesmo já estando cansado das minhas filosofias carregadas de apelo. Nós fomos o melhor. O melhor de todos. Mas nem mesmo nós, criadores e idealistas do melhor que pudemos viver, somos capazes de reproduzir o que já se passou. 
A vida é assim, meu jovem. Você erra e é capaz de errar de novo. Você acerta e pra acertar outra vez precisa esperar o mundo dar voltas. Você não quer esperar, você quer tudo pra ontem, quer voltar a viver nos dias de luz, mas o que nos restou foi apenas uma pequena chama, que só pode ser vista bem de perto. Entenda, meu amor, que nunca mais seremos o que já fomos. 
O nosso mundo está dando as suas voltas e sabe-se lá quando vamos encontrar o momento perfeito novamente. Você precisa aceitar a pequena chama, se apegar a ela, chamá-la de diamante e seguir em frente. Sempre te achei muito forte. Hoje vejo que é fácil ser forte nos momentos de glória. A luz se apagou aos poucos e aos poucos você enfraqueceu. Os seus olhos que antes me fitavam com energia e vontade hoje apenas me suportam. As suas mãos que antes nem se lembravam o que eram longe de mim, hoje têm vida própria. 
Você quer saber o que deu errado, exige que eu te explique, que eu encontre uma saída. Eu não posso. Não é que eu não queira. As coisas que eu quero são profundas demais pra eu desejar uma volta, um retorno. O que eu quero se mede em profundidade, brilho e calor. O que você espera de mim se mede em esforço, lágrima e dor. Não me cobre, não cobre nem a si mesmo. 
Assuma que hoje não somos bons, não estamos certos e não sabemos qual passo dar. Aceite que a vida é uma confusão. Uma confusão que te prende, te vicia e que, do nada, te larga no escuro. Aceite que não somos mais luz. Aceite que talvez o seu mudo esteja girando para o lado contrário do meu. Aceite que essa agressividade não vai te levar a nada. Aprenda que lutar com suavidade é mais digno que lutar com ferocidade. Aprenda que seguir com o coração cheio de marcas é melhor do que seguir com um coração que nada viveu, que nada suportou e que nada sonhou.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Desapego


Eu prometi pra mim mesma não escrever sobre desapego. Mas sabe como é, meu auto controle é péssimo. Tenho tentado me convencer de que o desapego é só mais uma das loucuras que todos enfrentamos mais cedo ou mais tarde. Mas tenho me dado conta de que é mais do que isso. É uma maldade sem fim, um arrancar de band aid sem dó.
O desapego deveria ser como um desfazer calmo, em paz, de um querer que já não pode mais fazer sentido. Mas na prática o desapego é um puxão repentino daquilo que estava tão grudado no seu coração que já parecia fazer parte de você, é um lembrete de que só te pertence o que nasce sob sua pele, o resto só lhe é permitido pegar emprestado.
Meu desejo foi de que você fosse se desfazendo aos poucos de mim. Mas você simplesmente foi. E se foi é por que nunca foi meu, nunca esteve injetado na minha essência. Você foi com a tranquilidade com que se vai até a esquina pra comprar pão.
Eu fiquei, mas fiquei aos pedaços. Logo no início não fui capaz de encontrar o meu folego em meio a bagunça que você deixou. O ar demorou para me encontrar por que eu me cobri de cada coisa sua deixada pra trás. O tempo se desfez sobre o acúmulo de tranqueiras suas que ficaram espalhadas pelo chão.
Tudo parecia perdido, sem sentido.
Mas eu me dei conta a tempo. Seus restos ficaram aqui, mas a sua ida tranquila não levou nada de mim. Você foi sem bagagem, nem uma mochila murcha nas costas. Você foi com a roupa do corpo e deixou tudo pra trás.
Então tudo o que me pertence está aqui. Agora parece um quebra cabeça que nunca será montado até o fim, mas meu orgulho deve resolver isso. Aliás foi ele, o orgulho, o meu orgulho, que nos trouxe até aqui. A bagunça deve ser responsabilidade dele daqui pra frente. Foi culpa dele. 
Foi ele que não me deixou dizer 'fica, eu preciso de você'.